quinta-feira, 4 de maio de 2017

Bifanas, Minis e Farturas! Chegou a campanha/circo do colesterol


As eleições autárquicas são o último reduto dos festivais circenses. Temos domadores de leões, encantadores de cobras, trapezistas, equilibristas e até ilusionistas. Todas as artes circenses estão representadas por esse país fora e animam as hostes públicas que não pagam bilhete mas suportam campanhas e (no caso dos vencedores) salários para os vencedores e seus correlegionários.

Vai ser assim até Outubro. Vamos ter um país ocupado na troca de acusações pessoais, na construção de intrigas sobre as candidaturas alheias e na tentativa de sedução de cidadãos para integrarem as mais variadas listas. Também vamos ter música roufenha a ecoar por essas ruas fora em megafones e muita gordura ingerida em todas as romarias repletas de candidatos interessados em mostrar-se ou simplesmente dar-se a conhecer.

A verdadeira campanha eleitoral não é a que ocorre nas grandes metrópoles mas sim nos pequenos municípios e freguesias nas quais não se discutem argumentos nem políticas mas sim candidatos e a quantidade de beijos distribuídos. Nessas pequenas autarquias, a campanha eleitoral é uma espécie de surto infecioso transitório que transforma cidadãos discretos em candidatos extrovertidos, políticos distantes em amigos do peito e pessoas desconhecidas em eternos bairristas.
É neste circo que estamos a entrar e que culmina na data das eleições. Imediatamente após essa data os cidadãos discretos, voltarão a ser discretos, os inimigos políticos ficarão mais afastados ainda e dos desconhecidos perdedores ninguém se recordará mais. Obviamente que as romarias perderão receitas de bilheteira e diminuirá o número de bifanas vendidas. Já os valores do colesterol dificilmente retomarão aos níveis pré-eleitorais.

Enfim, no meio deste circo, talvez ainda haja espaço para alguma troca de argumentos, discussão de políticas e projectos de desenvolvimento sustentável. É que o circo pode ser útil para animar o pessoal e ajudar a vender jornais mas aquilo que dinamiza verdadeiramente as localidades é a frutuosa troca de ideias e de metodologias para as colocar em prática em prol do bem estar social.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Marcelo – a graça e a desgraça!


Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu arrastar por 12 meses o estado de graça pós eleitoral. Apareceu em todo o lado, beijou meio mundo e falou, falou, falou! Na entrevista de ontem, assumiu-se como porta voz dos poderes políticos, uma espécie de presidente-sol que não é, com poderes que manifestamente não tem.

Para António Costa, este é, até ao momento, o melhor presidente que poderia ambicionar. Quando a oposição marca posição, Marcelo vem a público fazer de escudo protector, quando os governantes cometem erros e gaffes, Marcelo responde à comunicação social e conforta o Governo, quando os números aparecem, Marcelo apressa-se a gabá-los e a justificar o que não está bem!

A presidência de Marcelo está a ser aquilo que se previa! O melhor amigo de António Costa, o pior Presidente da República para o partido que o ajudou a eleger.

A entrevista de ontem mostrou um Marcelo que nunca deixou de ser comentador mas com vontade de tocar todos os instrumentos da orquestra e ainda fazer de maestro de si próprio. Em Portugal o Presidente não governa mas Marcelo arrisca ficar aprisionado pelo cálculo político de António Costa que deixa o Presidente pensar que tem poderes que não tem, mostrar-se quando não deve e, mais tarde (e nessa parte Marcelo ainda não percebeu), sofrer as consequências do que não correr bem!

Marcelo quis ser ele próprio e fez bem! Mas não pode ser o comentador de tudo e presidente do nada nem o porta voz das políticas do Governo! Poder até pode, mas isso vai-lhe sair muito caro, enquanto o Governo agradece aos céus a convivência com alguém que dá uma face para qualquer graça sem perceber que irá ter de dar a outra para a desgraça!