quarta-feira, 18 de junho de 2014

Quando os politicos deturpam a política

A politica moderna é cada vez mais uma ciência que abrange as actividades de captura e manutenção do poder. Esta concepção está bem presente nas lutas intra-partidárias e nas trocas de argumentos para alcançar o governo de um país.
O bem público pode até ser uma justificação para as trocas de argumentações politicas. Ainda assim é muito usual constatarmos que o alimento dos políticos modernos não é o bem estar dos seus concidadãos mas tão somente o aumento do poder em termos pessoais e para o seu grupo de influência.
Esta visão pouco romântica da politica tem provocado o afastamento de muitas pessoas que a consideravam uma actividade nobre e com ampla utilidade social. Para além disso, as lutas fratricidas pelo poder levam a rupturas pessoais e criam um ambiente desgastante que nem todos estão dispostos a tolerar.
Isto passa-se tanto em Portugal como em outros países e está bem visível no tipo de discurso dos candidatos a líderes políticos, recheado de demagogia, ataques pessoais, redundâncias e escasso em argumentos, perspectivas sustentáveis de futuro e estratégia.
Por exemplo, quando se assiste à alteração de apoios nos candidatos a líderes do PS sem ter havido uma real troca de argumentos sobre a melhor estratégia para o partido e para o país, isso demonstra para a sociedade que os militantes estarão mais preocupados em preferirem o candidato não pelo seu perfil nem pelo seu programa mas pela probabilidade de ser eleito e, assim, garantirem a melhoria do seu status quo pessoal.
A politica e a democracia têm perdido as nobres funções que estiveram na sua génese com esta adulteração dos seus objectivos primordiais. E a verdade é que se alguém pretende ser o Dom Quixote desta guerra pelo poder, facilmente é vencido pelo populismo demagógico de quem não tem, não quer e, infelizmente, não precisa de ter argumentos para ganhar a confiança dos seus pares (sejam eles militantes, simpatizantes ou cidadãos independentes).

Artigo de Nuno Vaz da Silva publicado a 18/06/2014 no espaço "Opinião" do Parlamento Global