sexta-feira, 23 de maio de 2014

Eleições em Portugal mas pouco europeias…

Aproxima-se a data das eleições europeias e começa a ser efectuado o balanço de mais uma campanha eleitoral repleta de acusações mas com reduzida discussão de argumentos sobre o futuro da Europa.

Esta não é uma realidade nova neste tipo de eleições. À falta de temas europeus cativantes para o eleitorado, os partidos recorrem a assuntos nacionais para aquecerem o tom dos discursos e roubarem o máximo número de votos à abstenção que se espera elevada. Esta estratégia, apesar de habitual, é profundamente errada por significar mais uma oportunidade perdida de discutir o presente e o futuro da Europa.

Não será de estranhar que os eleitores se questionem sobre a relevância deste acto eleitoral mas a verdade é que é bastante importante. Não só a maioria das decisões europeias têm primazia sobre a legislação nacional como a capacidade de influência dos deputados junto dos seus pares é determinante para o futuro de Portugal enquanto membro de pleno direito da União Europeia.

Ainda assim gostaria de destacar alguns aspectos interessantes deste período eleitoral:

1- A Petição “Nunca Mais”, cujo primeiro subscritor é o Professor Nogueira Leite e que pode ser encontrada aqui:

2- Algumas propostas irrealistas como por exemplo a criação de um fundo que consolide as dívidas das famílias (proposta do PPM)

3- O reduzido empolgamento de Paulo Rangel, ao contrário daquilo que nos habituou em actos eleitorais anteriores

4- A ironia de alguns cartazes como a falsa selfie do PS

6- Os tempos de antena verdadeiramente deprimentes e pouco esclarecedores

Quando uma campanha não tem relevância pelos argumentos mas sim pelos factos políticos, alguma coisa está errada. Ou os actores não querem discutir o tema; ou o tema é pouco discutível; ou então o eleitor não está interessado para essas questões. Seja uma das hipóteses, um misto das três ou outra qualquer, a verdade é que infelizmente estas eleições terão mais impacto em Portugal do que na Europa. Senão vejamos:

- A coligação governamental terá um mau resultado ou, pelo contrário, a diferença de votos face ao PS será pequena?

- António José Seguro afirma-se como candidato a Primeiro-ministro ou continuará a ser um líder interino?

- Os votos na coligação sustentarão o Governo ou provocarão uma mini remodelação?

Fica contudo por esclarecer o mais importante. Qual o projecto de Europa defendido pelos candidatos a deputados?

Afinal de contas, para isso é que existem eleições europeias!


Artigo publicado no Parlamento Global em 23-05-2014


terça-feira, 20 de maio de 2014

Nunca Mais

Apesar de não ser habitual associar-me a petições ou manifestos públicos, decidi juntar o meu nome a esta Petição cujo primeiro subscritor é o Prof. António Nogueira Leite.

Fi-lo por se tratar de uma petição apartidária mas cheia de conteúdo politico e muito pertinente para o bem estar dos portugueses. Subscrever esta petição significa dar um murro na mesa e dizer que estamos alerta contra a politica baseada em despesismos insustentáveis e demagogias arruinadoras para as finanças públicas. 

Como todas as petições, esta terá o retorno proporcional ao número de subscritores.
No inicio fomos 17 pessoas mas muitos mais portugueses já se associaram e gritaram "Nunca Mais".

Vamos levar esta petição aos principais decisores políticos, responsabilizando-os pelas suas acções (e inacções) futuras!




domingo, 4 de maio de 2014

Neuroeconomia #8

Em 1967, dois psicólogos, Martin Seligman e Steve Maier, conduziram uma experiência usando dois ambientes distintos, um previsível e outro imprevisível, e dois cães.
A experiência consistia em colocar um cão num ambiente e outro noutro. No ambiente previsível, o cão ouvia um alarme antes de sentir um ligeiro choque eléctrico no chão. A caixa em que decorria a experiência continha um botão que permitia desligar o mecanismo que provocava os choques e, rapidamente, o cão entendeu que podia desligar os choques. No ambiente imprevisível, o cão não ouvia nenhum alarme, nem tinha nenhum botão para desligar os choques, que simplesmente aconteciam de forma inexplicável.
Os cães foram depois submetidos a um novo ambiente, desta vez igual para os dois, em que a caixa em que se encontravam tinha uma divisória. Quando acendia uma luz, segundos depois, o chão do lado da caixa em que se encontravam emitia um ligeiro choque, e bastava saltarem para o outro lado da caixa para deixarem de o sentir. O cão habituado ao ambiente previsível depressa entendeu a experiência e, assim que a luz acendia, saltava logo para o outro lado da caixa. No entanto, o cão habituado ao ambiente imprevisível não tinha qualquer reacção, continuando do lado da caixa em que sentia o choque.

Esta experiência faz-nos lembrar o ambiente económico em que vivemos, em que com tantas situações imprevisíveis, fıcamos inertes perante os sucessivos colapsos que vamos enfrentando...

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Neuroeconomia #7


Gary Becker, prémio Nobel da Economia, explicou uma teoria em que pessoas que cometem crimes aplicam uma análise racional de custos e benefícios. Becker estava atrasado para um encontro e não havia lugares disponíveis para estacionar de forma legal, então ele decidiu estacionar num lugar ilegal e arriscou-se a receber uma multa. Nesta decisão não está implícita a moralidade, mas apenas uma questão de custos e benefícios. Ele ponderou duas hipóteses: ser apanhado e o custo de receber uma multa, ou a dificuldade em encontrar um lugar de estacionamento legal e chegar atrasado ao encontro. Ele decidiu arriscar receber uma multa de estacionamento e cometeu o único crime permitido a um economista, um crime perfeitamente racional.