domingo, 23 de junho de 2013

Regicídios e Palhaçadas!

Agora que este assunto já diminuiu a sua intensidade...

Não concordo com uma lei que me proíba de chamar palhaço a alguém, seja que título tiver esse alguém. A lei existe e pouco posso fazer em relação à sua existência, mas parece-me uma lei demasiado próxima das pseudo-democracias que por aí andam, com as quais ficamos chocados por prenderem pessoas por criticarem o governo.

Chamar alguém de palhaço nem sequer é, de forma objectiva, um insulto. A única coisa que explica que tal tenha passado despercebido pelo Bastonário da Ordem dos Palhaços é o facto da mesma não existir (pelo menos não encontrei).

Pior do que isto é andar-se a deter pessoas em frente aos seus filhos, processar judicialmente comentadores, mas ninguém por um processo ao Senhor ex-Presidente Mário Soares por declarações que roçam (além do ridículo) a incitação à violência.

Desde de ameaças veladas, que em tempos menos civilizados ou por pessoas mais relevantes seriam penalizadas com retaliação, a comentários derrogatórios da Democracia que temos (a qual funciona como funciona muito por "culpa" do próprio).

Porque é que em Portugal as (ditas) elites se levam tão a sério!! O que fazem não é assim tão relevante, salvo nas questões que nos afectam negativamente! 

Não perceberá o Sr. Presidente da República que ser denominado de "palhaço" não é algo grave?
Não perceberá o Sr. ex-Presidente da República que os seus comentários nada de positivo ou construtivo trazem para a vida das pessoas?

Estamos a falar só de duas das figuras mais relevantes dos nossos (ainda parcos) anos de Democracia.

Estaremos ainda na infância da mesma, com instituições igualmente infantis, que nem a ser apelidados de "palhaço" aguentam?
Estaremos assim com tanta necessidade que os nossos "pais fundadores" ainda nos andem para aqui a tentar controlar?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Para discussão...

A Educação permite-nos sair das trevas das superstições. Permite-nos saber pensar, decidir  produzir, inovar...

A Educação é um bem em si.

Um pouco por arrasto a existência de Professores também é vista como um bem em si. 

Os professores são uma ferramenta com um objectivo muito claro: formar os nossos jovens (e não só os jovens). Enquanto esse objectivo for observado a ferramenta é um bem. 

Claro que isto não faz sentido. 

Numa situação em que a aprendizagem acontecesse por outra via (ver qualquer romance de Aldous Huxley e outros para auxilio à imaginação), a existência de Professores seria inútil.

Hoje os professores agiram em conflito com o seu objetivo.

Podemos discutir se têm direito a isto, ou se têm razão naquilo. Até podemos dizer que a culpa é do Governo, da Troika, dos Astros. Tudo isso são discussões válidas (salvo a dos Astros). 

O essencial do dia de hoje é que prejudicaram o objecto da sua existência... os alunos e a Educação.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Elogio ao FMI

O FMI publicou um documento importante, em que reconhece ter cometido erros na intervenção na Grécia. O documento conclui que teria sido desejável:
  • Uma maior disponibilidade para reestruturar a dívida (tradução do economês ao português, maior perdão da dívida)
  • Maior atenção aos efeitos distributivos da consolidação fiscal (tradução do economês ao português, maior atenção às consequências económico-sociais do ajustamento)
  • Maior parsimónia no processo de reestruturação fiscal  (tradução do economês ao português, menor intervenção da Troika e maior responsabilização do Governo e agentes políticos nacionais)
  • Melhor partilha de risco entre os países da Zona Euro (tradução do economês ao português, maior solidariedade entre os países membros e transferências fiscais)
A análise é honesta e técnicamente bem executada, e reflecte uma enorme melhoria da cultura do FMI pronta a admitir erros e a mudar de opiniões, quando os estudos teóricos e a evidência empírica assim o justificam. Penso que a esta nova atitude, de muito mérito, não é alheia a influência de Olivier Blanchard, o chief economist do FMI, e um dos académicos mais influentes e sólidos que estuda a Macroeconomia.

Mas o parágrafo mais interessante do documento do FMI, é talvez o último parágrafo dos anexos:

"The Troika reflects three different institutions. This sometimes posed coordination problems: the  Fund made decisions in a structured fashion, while decision-making in the Euro Zone spanned Heads of State and multiple agencies and was more fragmented"

A UE está a cometer um erro de política económica colossal, ao insistir em políticas procíclicas até nos países do norte da Europa. O resultado têm sido uma divergência enorme entre a UE e os EUA, e o risco de uma década perdida para a Zona Euro. Tal é inaceitável. Mas a falta de reponsabilização das instituições da UE  junto do eleitorado contribuiu em muito para esta triste situação. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Definir objectivos e planear a estratégia

 A emergência orçamental e politica do país nem sempre tem permitido uma gestão eficiente das verdadeiras prioridades dos cidadãos. A inclinação do Governo pela resolução dos problemas de curto prazo não pode ser vista como uma verdadeira opção mas como uma obrigação com urgência extrema e que infelizmente coloca os assuntos estruturais num segundo plano.

Mas se o Governo tem tido outros assuntos urgentes para resolver, o país necessita de encontrar plataformas para promoção de uma discussão sobre o Estado que ambiciona, seja nos partidos políticos, nas associações ou em outros fóruns como os espaços de opinião como este onde participo.

Dizer que é necessário cortar despesas no Estado e reduzir sectores como a saúde, a educação ou a administração central, traduz-se numa discussão fútil e ineficiente quando não foi ainda definido qual o Estado que pretendemos atingir.

O tipo de Estado que queremos deve estar associado a um compromisso social alargado que promova a estabilidade das reformas e que oriente as melhorias de eficiência para objectivos concretos e mensuráveis. Esse modelo politico deve ser indissociável do volume de impostos cobrado aos cidadãos. Se queremos mais Estado, necessitamos obviamente de contribuir com mais impostos mas o inverso também tem de se verificar.

É legitimo que os cidadãos exijam um Estado mais presente como é igualmente legitimo que reclamem menos intervenção do Estado. Mas, qualquer uma destas opções tem implicações sociais e politicas que têm de ser explicadas pelos partidos aos cidadãos.

A mais importante discussão nacional tem de deixar de ser a eventual queda do Governo para passar a ser a negociação alargada do modelo social, económico, cultural e politico do Estado e suas Instituições. Só depois de negociar os termos desse entendimento é possível definir objectivos e construir a estratégia de politicas a aplicar internamente e externamente.

Nessa altura, se algum dia acontecer, perceberemos que exigir mais impostos e ao mesmo tempo reduzir a amplitude do Estado (bem como a qualidade de serviços prestados aos cidadãos) é um paradoxo social e politico que tem um timing próprio mas que está muito longe de ser uma estratégia de Governo.



Artigo de Nuno Vaz da Silva, publicado a 04-06-2013 na página da SIC, RR e Expresso: Parlamento Global e que pode igualmente ser consultado no seguinte link:

http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/129498.html




terça-feira, 4 de junho de 2013

Somos uma sombra do país que poderíamos ser!

As empresas fecham as portas, os políticos não se entendem, os partidos não apresentam alternativas e a sociedade definha a cada dia que passa. A ameaça de eleições é constante, os tribunais demoram a decidir, os impostos são complicados e imprevisíveis e o investimento é uma miragem. Alguns dizem-nos que temos de voltar aos mercados mas outros preferem não pagar o que pedimos emprestado.

Somos uma sombra do país que poderíamos ser. Preferimos mergulhar em pequenas guerrilhas politicas do que apostar num país melhor e mais desenvolvido!

Vivemos de números e para as estatísticas sem preocupação com aqueles que nem nas estatísticas aparecem.  É isto Portugal?

Passamos os dias a ouvir demagogos que apontam o dedo aos problemas do país, esquecendo-se que se tratam de problemas que eles próprios ajudaram a criar. Pagamos cada vez mais impostos para resolver a crise que continua a aumentar. Perdemos reformas, ficamos sem férias, alteramos os planos de vida.....e para quê? Será que isto vai mudar?

Cada português pode ajudar mas é preciso que nos deixem. Como podemos ajudar se a motivação e a esperança de um país melhor se esfumam a cada dia que passa?

Um país sem esperança, é um país sem futuro!

Não precisamos de políticos! Precisamos de líderes que nos projectem para o futuro! Mas se um líder que faz isso só pode ser um óptimo politico, então quem nos tem governado e quem são os políticos que temos?

Portugal não pode parar mas ninguém parece ter a coragem de manter a chave na ignição! São assim os portugueses?

Vivemos o Portugal dos vencidos e esquecemos os vencedores que temos. Adormecemos com a crise e acordamos no fio da navalha!

Queremos ajudar Portugal mas o país desconfia dos mais novos. Mas também desconfia dos mais velhos e da sua sabedoria. Prefere viver na média dos problemas do que arriscar soluções. O que diriam Afonso Henriques, Luís de Camões ou Afonso de Albuquerque deste pequeno país? Será que o reconheceriam?

Apetece-me dizer basta! Chega de demagogos e falhas de ética! Chega de valores perdidos e cultura esquecida! Chega de apagões à história e de ter um abismo como a esperança no futuro!

Não sou radical! Estou apenas convicto de que poderíamos ser muito melhores. Se fossemos menos invejosos e mais ambiciosos teríamos um país mais coeso, mais próspero.....teríamos Portugal!

Hoje, em 2013 percebo perfeitamente o que Almada Negreiros escreveu em 1917 no seu ULTIMATUM FUTURISTA "Às gerações portuguesas do século XX":

"Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e
suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam
Vencedores. Ajudai a morrer os vencidos.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida
a entrardes prà Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades
e todos os defeitos.
Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades."


Artigo de Nuno Vaz da Silva, publicado a 24-05-2013 na página da SIC, RR e Expresso: Parlamento Global e que pode igualmente ser consultado no seguinte link:

http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/127765.html