sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em jeito de balanço

Chegados ao final de mais um ano, é tempo de fazer balanços, olhar para trás e pensar no futuro. As televisões e rádios reúnem os momentos cómicos e os trágicos passando em revista os acontecimentos mais marcantes. O governo faz contas ao deficit e as empresas começam os inventários. Aqui no Dinamizar Portugal não ficamos atrás desse clima de retrospecção do ano.
Foi um ano bloguisticamente proveitoso. O Dinamizar Portugal afirmou-se como um blog não alinhado com partidos, grupos de interesse, lobbies ou credos religiosos. Os temas discutidos nem sempre foram consensuais mas tentaram ir de encontro às feridas abertas da sociedade portuguesa. Economia, politica, partidos, saúde e comportamentos sociais foram assuntos abordados em cerca de 90 artigos publicados pelos elementos que fazem parte da equipa do blog. Apesar de nem sempre existirem comentários aos artigos publicados, eles ocorreram por outras vias como no Facebook, no Linkedin, no Startracker ou por email. A base de apoio no Facebook, onde estamos presentes com uma página própria também aumentou substancialmente até às 4 centenas de “Gosto”, número bastante significativo para o tipo de assuntos discutidos. A proveniência dos nossos leitores é também bastante interessante, o que comprova que as comunidades portuguesas se interessam não apenas pelas notícias dos jornais mas também por análises alternativas.


O balanço é claramente positivo para uma actividade cívica extra-profissional sujeita essencialmente a críticas sociais e profissionais (embora também existam elogios) e à censura dos interesses instalados.
Para 2012 esperamos o aumento da base de apoio ao blog, o que se traduzirá num aumento de visualizações/leituras. Haverá a entrada de novos bloguistas, provenientes de diversas áreas do saber e que levará a uma maior abrangência dos temas discutidos. Mais do que um blog de economia e/ou de politica, o Dinamizar Portugal pretende afirmar-se como um fórum de discussão de assuntos pertinentes à sociedade portuguesa.
Um ano e meio após a primeira publicação, os motivos para a criação do blog continuam actuais. Vivemos numa sociedade com problemas estruturais que tardam em ser resolvidos e existe uma carência de centros de estudo e análise para uma maior eficiência das decisões políticas. Não somos pretensiosos ao ponto de querermos preencher essa lacuna apenas com os artigos publicados mas deixamos o nosso modesto contributo a quem se interessa por esta importante àrea.
Assim, e em jeito de final de ano, votos de um bom ano a quem nos tem acompanhado (muitas vezes diariamente) e um voto especial para que o nosso país consiga ultrapassar a crise conjuntural, aproveitando-a para fazer as indispensáveis reformas estruturais!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Emigrar ou ficar, eis a questão!

Numa altura de crise económica e politica em Portugal, muitos são os jovens que ponderam a saída do pais na esperança de encontrar uma vida melhor lá fora. Alemanha, Franca, Inglaterra e Estados Unidos são apenas alguns dos destinos que fazem parte da lista de quem já emigrou, de quem pensa emigrar mas não emigra, e de quem não só pensa mas também tem a coragem de o fazer. Sim, coragem, acima de tudo e’ um acto de coragem. Deixar família e amigos nem sempre e’ fácil, sendo ate’ impossível para alguns que já constituíram as suas famílias aqui.
E, apesar de muitos serem aqueles que procuram uma nova aventura cultural, académica ou profissional, esses são também uma pequena minoria. Mas deveria essa percentagem ser maior?

Muitos são os argumentos a favor da mobilização para o estrangeiro, mas também contra. O debate que surgiu na ultima semana em Portugal relaciona-se com o ‘conselho’ que o governo português ofereceu aos seus cidadãos para um problema que e’ interno e cuja resolução deveria começar cá dentro. O raciocínio básico de ‘não esta, não faz despesa’ e ainda envia dinheiro para os bancos portugueses, soa no mínimo a pouco sofisticado para quem vive em pleno século XXI, e para o que e’ um problema antigo. Quantos portugueses não se viram ‘obrigados’ a emigrar nos anos sessenta e oitenta para países como Franca, Suíça, Luxemburgo e afins, há procura de ‘melhores condições de vida’? Uma diferença que sobressai entre essa geração de emigrantes, os chamados “baby boomers” e as gerações mais recentes, os filhos desses, a Geração Y, e’ certamente a formação académica. Enquanto os primeiros tinham a quarta classe ou pouco mais, nos temos Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos. Ora, não seriam as competências desta ‘massa profissionalmente competente’, cuja educação foi em parte proporcionada pelo estado português, mais bem empregue em Portugal? De que serviu então este esforço e investimento na Educação das ultimas décadas?

Mobilização da classe competente para o estrangeiro não me parece a’ partida solução. E muito menos a criação de uma agencia para apoiar quem quer emigrar (certamente mais uns quantos tachos para alguns quando esse apoio, se ‘e que ‘e necessário, pois tenho serias duvidas, e’ supostamente da obrigação de outros orgaos governamentais já existentes). E’ caso para se perguntar, o que querem os nossos políticos que fique cá dentro então? A população idosa, os mais de 500 mil funcionários públicos que (muitos) não acompanharam a evolução essencialmente tecnológica das ultimas décadas, o precariado (que há muito deveria ter acabado) e os políticos mamistas que enchem os bolsos a’ custa das mas politicas de governação, acordos e gastos desnecessários, e também a barriga com o bom cozido a’ portuguesa, porque esses não vão certamente emigrar. Mas afinal de contas o que ‘e que Portugal precisa?

Enquanto a mentalidade da classe politica não for renovada, os problemas continuarão a ser os mesmos de há varias gerações atrás. Mas desde quando e onde, e’ que politica e’ sinonimo de riqueza pessoal? Em países verdadeiramente desenvolvidos ninguém segue uma carreira politica para enriquecer, mas sim para governar um pais. Já em países subdesenvolvidos como ‘e o caso dos países Africanos, interesses políticos falam mais alto, e a ‘pobreza’ da jeito a muitos que enchem os bolsos a’ custa da elevadíssima corrupção e violação dos direitos humanos. E nos, onde nos posicionamos?? Ou melhor, onde nos queremos posicionar?

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Demopartidocracia Portuguesa – um case study de ineficiência?

A democracia portuguesa não é eficiente. O actual modelo de votação na assembleia da república, conjugado com a chamada disciplina partidária, potencia a existência de votações deturpadas. Será a votação de cada proposta efectuada com base no interesse dos cidadãos eleitores, com base nas decisões partidárias ou com objectivo de maximizar o interesse público nacional? Haveria muita diferença se houvesse apenas um deputado por cada partido na Assembleia?
Existem hoje vários círculos eleitorais. Cada distrito tem os seus deputados e temos ainda os círculos da Europa e fora da Europa. Não sei se haverá algum estudo que correlacione a existência de votações que afectem um determinado círculo eleitoral, as orientações de voto dadas pelos partidos e os votos efectivos de cada deputado mas seria deveras interessante. Um óptimo tema para uma tese de doutoramento. (mas não me admiraria se houvesse votos contraditórios com os interesses desse mesmo circulo…)
A verdade é que os deputados estão inseridos num “dilema do prisioneiro”. A sua escolha entre votar a favor da região ou votar a favor do partido tem consequências que podem afectar o seu status quo enquanto representantes da nação. Ou seja, existem incentivos perversos que tornam as votações ineficientes do ponto de vista regional.
Imaginemos que um determinado deputado X vota um projecto de lei que afecta a sua região de forma contrária à disciplina de voto do seu partido. Embora possa ficar bem visto na sua região (caso os habitantes tenham conhecimento da sua nobre atitude) já a Direcção do seu partido ficará muito desapontada. Isso implica que a cúpula partidária facilmente arranjará um substituto para o seu lugar de candidato nas próximas eleições. O senhor X ficará desempregado!
Por outro lado, se votar contra o projecto de lei, embora esteja a agir contra a sua consciência bairrista (parte-se de principio que todos os deputados desejam o melhor para os seus concidadãos), poderá ficar mal visto na sua região mas poderá ser novamente candidato a deputado pelo mesmo circulo… ou por outro qualquer. Poderá ainda ser chamado a qualquer função pública, o que é um óptimo incentivo para alinhar pela posição do partido, deixando a sua região para um segundo plano.
Um sistema deste género não é eficiente e pode mesmo levar os cidadãos a questionarem-se sobre a utilidade de termos tantos deputados e não apenas um deputado por cada partido político.
Mas, com este dilema, porque existem tantos deputados? Ou então, porque continuamos a eleger deputados por cada região se não representam os seus eleitores ao abrigo de uma disciplina partidária que é democraticamente ineficiente? Dado que Portugal caiu recentemente um lugar no ranking da Economist Inteligence Unit sobre a qualidade das democracias (tendo sido ultrapassado por Cabo Verde), talvez valha a pena debruçarmo-nos sobre estes assuntos e discutirmos formas alternativas e mais eficientes de melhorar o nosso sistema político, tendo em vista uma maior representatividade efectiva de cada círculo eleitoral.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pin & Pons

Com este Governo chegou uma nova tendência à política portuguesa. Depois das gravatas monocolor e dos fatos caros “à la Berlusconi” de José Sócrates, Passos Coelho resolveu promover um novo estilo. Se foi algo pensado ou apenas fruto do acaso não sabemos mas a tendência virou moda para os lados de São Bento. Todos os membros do Governo passaram a ostentar um pin com a bandeira de Portugal na lapela do casaco!
Ao dizer que é moda estamos a pensar que se trata apenas de uma questão de estética ou marketing. Mas a verdade é que há um conjunto alargado de outros possíveis motivos para que os membros do Governo usem a bandeirinha:
Superstição? Vaidade? Motivação dos colaboradores? Promoção do país no estrangeiro? Dar a conhecer as cores da bandeira aos seus concidadãos? Fruto do acaso?
Os verdadeiros motivos não sabemos quais são mas a tendência governativa é uma evidência! No entanto, quando a moda é forçada pode facilmente tornar-se motivo de chacota e crítica. Usar a bandeirinha não é um facto novo, principalmente depois da vaga de bandeiras nas janelas portuguesas por ocasião de um torneio de futebol. E o uso de adereços por personalidades políticas também não é inovador. Laurent Kabila usava sempre um barrete vermelho, Kadafi envergava um gorro árabe, Kim Jong-il não tirava os óculos escuros… Não sendo tão marcante como os usos dessas personalidades (e obviamente não pretendo fazer outras comparações para além das estéticas), o movimento pin & pon ameaça tornar-se viral e disseminar-se pelas Direcções Gerais e repartições públicas. Se vai evoluir de moda para factor motivador ou para elemento extra de contestação, não o sabemos. Só o tempo o dirá.
Mas uma coisa é certa. Os actos e usos forçados não dão bom resultado e para criar um saudável ambiente de equipa, não é suficiente nem mesmo necessário seguir modas ou tendências. Basta existirem lideranças de facto e equipas motivadas em função de objectivos e estratégias bem definidas e ainda melhor comunicadas. Esperemos que o pin & pon não seja uma espécie de maquilhagem para a inexistência ou para a dificuldade em construir esse bom espírito de grupo!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Medo, insegurança e desmotivação

Ver o noticiário da televisão portuguesa assemelha-se a ler o jornal do crime. Roubos, sequestros, carjacking, corrupção, violações, violência…são noticias atrás de noticias sobre desgraças da vida real e que infelizmente podem acontecer a qualquer cidadão.
Para além das notícias, ainda temos de ouvir pessoas (certamente alheadas da vida real) a “desculpar” os prevaricadores pelo aumento da crise, pela falta de emprego ou pelo aumento da fome (como se estes malandros roubassem porque passassem fome…). Quando não são as desculpas esfarrapadas da fome e temos a sorte de ver os larápios detidos, há sempre uma lei permissiva que solta a malandragem, por não haver flagrante delito, por ser menor ou porque afinal não roubou assim tanto… E já é uma sorte se não conseguirem ainda uma indemnização do Estado (ou seja, dos contribuintes) por danos psicológicos!
Não se iludam! A criminalidade está a disseminar-se a uma velocidade assustadora. Não afecta só os ricos (e mesmo que afectasse deveria igualmente ser censurada e combatida com todos os meios disponíveis). Afecta as empresas e todos os cidadãos cumpridores. Empresas e cidadãos que pagam os impostos para terem segurança, confiando que o Estado cumpre a sua principal função: garantir a segurança dos cidadãos e seus bens.
Faltarão meios às forças de segurança? Poderiam estar melhor organizadas para serem mais eficientes? Talvez! Mas faltarão acima de tudo leis menos permissivas para os prevaricadores e menos censuratórias para os agentes de autoridade.
Ninguém gosta de abusos de autoridade nem excessos de vigilância mas duvido que alguém goste do aumento de crimes, dos roubos, da corrupção, da violência! Dizer que é uma consequência da crise é um insulto aos pobres e necessitados que vivem misérias silenciosas e distantes. Este clima de insegurança não é uma novidade para quem acompanha as diariamente as notícias e o país real. Não se trata apenas de um problema das forças de autoridade e dos cidadãos “azarados”. É um factor transversal à sociedade que provoca desconfiança aos investidores e desmotiva os cidadãos que vêem em risco os seus bens e a sua integridade física.
Podemos pedir responsabilidades a alguém? Claro, ao Estado que não cumpre a sua função e se esconde nos labirintos da justiça, e ao legislador que faz leis passivas e absurdas!
Trata-se de uma questão ideológica? Talvez o tenha sido por via de uma lógica constitucional de sociedade de esquerda. Mas não me parece que possamos abdicar da segurança por causa de caprichos ideológicos!
Podemos ir a Bruxelas e aceitar todas as medidas que nos são impostas. Podemos até ser alunos exemplares e cumprir rigorosamente todos os itens do memorando de entendimento. Mas, se não atacamos os problemas de base da sociedade, continuaremos a ser apenas uma democracia em risco com tiques de anarquia falida e governada de forma exógena.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Europa de Merdel

Os últimos meses são exemplificativos das fragilidades da União Europeia: Muitos problemas estruturais difíceis de resolver e total ausência de respostas para combater as dificuldades provocadas pelos ciclos económicos conjunturais. Mas o maior problema talvez não seja nenhum destes mas sim a total ausência de lideranças credíveis e competentes!
Vivemos numa Europa com muitos chefes, mas com poucos líderes. Temos o presidente da Comissão Europeia que manda na Comissão e em alguns fundos comunitários mas que não tem capacidade para gerir os problemas da crise, um presidente do Conselho que se limita a receber as propostas dos países mais fortes, um Governador do BCE que tem a sua acção limitada pelos tratados e pelas afirmações dos líderes dos países, um presidente da Euro zona que mal se vê e poucas vezes se mostra, um presidente do Parlamento que se limita a gerir a assembleia de deputados europeus…
Muitos chefes, muitos órgãos mas sem eficácia!
Quando algo acontece na União, ninguém sabe muito bem quem é que manda, a quem se pedem responsabilidades. As competências misturam-se e a partilha de poderes diminui a eficácia da acção de cada Instituição. Só assim se explica que estejamos mergulhados numa crise de dívidas públicas há tanto tempo e que esta até já ameace a estabilidade da própria moeda única.
A juntar à crise de lideranças da União Europeia, temos de adicionar a crise de lideranças nos países da Europa, nomeadamente no que diz respeito às nações mais desenvolvidas e que historicamente são o motor da Europa. Alemanha, França, Inglaterra, Itália… O que fizeram os seus líderes para apoiarem a Europa?
Muita discussão, pouca criatividade, muito proteccionismo político interno, pouca estratégia!
Este tipo de actuação não é eficiente! Não culpem os mercados, o subprime, nem a bolha das empresas tecnológicas! Os ciclos económicos não são uma novidade. A total ausência de respostas decididas, rápidas, eficazes é que é um factor novo e inexplicável do ponto de vista de uma União Económica. Não foram os mercados que se anteciparam às acções da Europa. Os líderes europeus é que potenciaram a crise pelas suas acções e principalmente inacções!
Por isso digo que esta não é a Europa do sec. XXI! É uma Europa de Merdel!
Uma Europa ajoelhada a uma Alemanha poderosa por direito próprio mas pouco europeísta. Fala-se que a Europa tem de progredir para uma União Orçamental, para uma União Federal, para um nível superior de entendimento político. Mas com o actual esquema institucional e com os políticos que a têm gerido, teríamos os mesmos problemas! Seríamos a mesma Europa de Merdel!

sábado, 10 de dezembro de 2011

As expectativas (ir)racionais da época natalícia

Aproximamo-nos de uma das épocas de maior consumo: o Natal. O mês de dezembro é maioritariamente dedicado a festividades, tais como: almoços, jantares e festas de Natal. Os centros comerciais são invadidos por multidões que se atropelam, porque querem comprar presentes para toda a família e amigos.
O fim de um ano é o terminar de um ciclo de doze meses e devia ser vivido com alguma calma e ponderação, terminando tarefas, concretizando projetos e abrindo espaço para o novo ano que se avizinha e onde há espaço para realizar novas ideias e responder a novos desafios.
Estamos a enfrentar um período de crise com consequências ao nível de sucessivos cortes nos rendimentos pessoais e aumento de impostos, para nomear os mais mediáticos. Contudo, o consumo parece estar no seu expoente máximo.
Por um lado, as empresas querem fechar as suas contas no final do ano com um saldo positivo e abrem mão das margens para obterem um maior número de vendas. Por outro, e embora haja de facto alguns bens ou serviços que ressentem a quebra no consumo, temos grandes superfícies comerciais de venda, como por exemplo, de eletrodomésticos, que apenas por fazerem descontos no valor do IVA têm um aumento exponencial das vendas, em alguns casos associada a uma rutura de stock.
O que é chocante no meio de toda esta situação é que o consumidor não está a ser racional nas suas escolhas, pois compra desmesuradamente artigos de consumo de que não necessita, ao invés de poupar para os tempos difíceis que se esperam.
O consumo é uma variável que impulsiona o crescimento da economia e, por isso mesmo, é incentivado das mais variadas formas. As expectativas racionais mostram-nos que os consumidores têm informação sobre alterações nas políticas monetárias e fiscais adotadas pelo governo e, como tal, antecipam-nas e agem de acordo com elas, neutralizando os seus efeitos, o que mostra que o governo não tem poder sobre os mercados. Assim sendo, parece-me pouco racional que os consumidores estejam, de certa forma, a ignorar o conhecimento que têm, em detrimento do consumo desenfreado motivado, ainda mais, pela época natalícia.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

País fica doente com aumento na saúde

Eu faço parte de um grupo especial de pessoas: o das que descascam completamente a banana antes de a começar a comer e ligam às palavras e seu significado.
Explica-me o Priberam que "moderadora" é aquela que modera. O mesmo Priberam dá-me diversos significados para "moderar". Um deles é "tornar-se comedido, ser prudente". Sempre achei que as taxas moderadoras cobradas na utilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) serviam, assim, para evitar que se corresse para o hospital ou centro de saúde «só por dar cá aquela palha». Parece-me que 9,6€ desincentiva qualquer um a ir ao Santa Maria porque enfiou uma farpa no dedo. Pessoalmente, sinto-me logo compelida a evitar hospitais com o cheiro a éter e a imagem das salas de espera, mas isso sou eu, que pertenço ao tal grupo especial de pessoas, portanto admito que possa ser necessário uma taxa para levar as pessoas a equacionar a sua real necessidade de «entupir» as urgências.
Esta semana, contudo, fiquei a saber que as taxas moderadoras não são aquilo que eu pensava que eram. São, afinal, uma forma de financiar o SNS. E eu, que, durante anos, julguei que para isso serviam os impostos... Um equívoco! É esta minha mania de ligar aos que as palavras significam. A propósito, "moderar" também pode querer dizer "restringir". Pois, é mais isso, é.